Robson Ryu Yamamoto

Brazil

Relatos de experiência dos bolsistas do Nikkei Scholarship “Projeto de realização dos sonhos” 〜 Robson Ryu Yamamoto

Porque escolhou o Japão para estudar?

Cerca de um ano após graduar-me em Engenharia Agronômica pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), tive a oportunidade de realizar um estágio de longa duração  (1 ano) com produção de pera japonesa no Japão, pela Japan International Cooperation Agency (JICA). Tive a oportunidade de colocar em prática a experiência adquirida no pomar dos meus pais no Brasil, obtendo bons resultados que chamaram a atenção de outros produtores. Pensei na possibilidade de “testar” mais coisas simultaneamente, uma vez que, por ser uma planta perene, os resultados demoram pelo menos um ano para aparecer. E nessa mesma época, soube da bolsa “Nikkei Scholarship”, que estava na sua última semana de inscrição. Como eu queria trabalhar com pera japonesa, não pensei em outro lugar que não fosse o Japão.

Como foi a estadia no Japão?

Como eu já tinha ido ao Japão em outras ocasiões e meu idioma materno é o japonês, não tive maiores dificuldades para adaptar-me. Porém, pelo fato de estar trabalhando até momentos antes do embarque, e por ter participado do processo seletivo para ingressar no mestrado em inglês e japonês, o início foi de muito esforço e concentração.

Qual foi a forma de estudos e pesquisas?

Realizei pesquisa na área de Agronomia, Fruticultura, Ecofisiologia de Espécies Frutíferas de Clima Temperado, no Programa de Pós-Graduação da Universidade de Tsukuba, durante 5 anos (mestrado e doutorado). Tentei analisar os efeitos das mudanças climáticas na fisiologia e produção das plantas. Como foi um projeto que contou com a participação de inúmeras instituições (National Institute of Fruit Tree Science, Food Research Institute, EMBRAPA), tive a oportunidade de trabalhar com vários pesquisadores. Durante o período da bolsa, coordenei um programa de estágio oferecido pela JICA (Japan International Cooperation Agency) em que agricultores da América Latina puderam conhecer os resultados da minha pesquisa.

Através do estudo no exterior, houve alguma mudança na sua consciência como Nikkei?

Sim, mudou. Quando cheguei ao Japão a questão da “identidade Nikkei” talvez fosse mais forte. Porém, ao conhecer pessoas do mundo todo, creio que passei a tratar como um “cidadão do mundo”.

Após o terminar os estudos, pode nos contar qual o caminho que seguirá?

Após finalizar meu doutorado regressei ao Brasil, e passei pelo processo de revalidação dos títulos. Fiz na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), e na mesma instituição permaneci por 5 anos realizando 2 pós-doutoramentos. No meu 6º ano após o regresso consegui uma vaga como Professor Efetivo (Adjunto) na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Centro de Ciências da Natureza (CCN). Lá sou responsável pela Fruticultura, dentro do curso de Engenharia Agronômica. E ainda sigo trabalhando com o objeto de estudo da minha pós-graduação realizada através da bolsa “Nikkei Scholarship”.

Deixe uma mensagem para aqueles que estão pensando em estudar no exterior.

O mais importante é escrever a redação com o coração, sendo sincero consigo mesmo. Digo isso porque, durante e após o período da bolsa de estudos, essa redação será o seu apoio, seu Norte. Mais do que o domínio do idioma ou seu histórico escolar, acredito que seja a vontade de encarar desafios. Importante também ter ideia do que pretende fazer após finalizar a bolsa e regressar ao seu país, para que as decisões a serem tomadas com relação à escolha profissional sejam mais criteriosas.